Fábio Pajaro, economista e advogado
Com a nova rotina de isolamento as reuniões por telefone, vídeo conferência ou online se tornaram frequentes. Assim como os atrasos. Mas será que eles são realmente aceitáveis?
Em publicações recentes, estudiosos relacionam a falta de pontualidade a traços de personalidade. Uma pesquisa do Departamento de Sociologia da Universidade de San Diego, nos Estados Unidos, por exemplo, indicou que as pessoas que costumam se atrasar são mais otimistas do que as demais em relação ao tempo que dispõem para a realização de uma tarefa. Já o psicólogo e escritor britânico Oliver Burkman classificou as pessoas que costumam se atrasar como controladoras.
Outros pesquisadores classificam os atrasadinhos como “acelerados”, pelo fato de gostarem da adrenalina da pressa – o que costumeiramente os faz deixar tudo para a última hora. E há ainda quem denomine os não pontuais como “produtores”, por serem tão otimistas que creem ser capazes de fazer muito mais em menos tempo.
Mas, deixando de lado o debate psicológico, ninguém ignora que a falta de pontualidade é uma característica malvista, especialmente no ambiente profissional. Ninguém está livre de imprevistos, mas chegar atrasado com frequência compromete a credibilidade. Com menos tempo para a execução de tarefas, cai a produtividade ou, quando isso não acontece, a qualidade do trabalho acaba prejudicada, arranhando a reputação do profissional. E, junto com o descrédito, se esvaem as chances de ascensão na carreira.
Para a empresa, a conduta negativa de um colaborador que não cumpre prazos, chega atrasado ou sempre perde o começo da reunião acaba influenciando outros funcionários. No médio e longo prazo, os resultados deste comportamento são acúmulo de tarefas, queda de produtividade da equipe e, no fim das contas, prejuízos financeiros.
No ambiente dos negócios, a pontualidade é essencial para que haja confiança entre as partes. Atrasos geram desconfiança e incerteza sobre a capacidade do comprador pagar pelo que comprou ou do vendedor entregar os produtos negociados. Em resumo, ninguém quer comprar ou vender para pessoas e empresas que não cumprem prazos de entrega ou pagamento.
Olhando por outro prisma, ser pontual no ambiente profissional traz inúmeros reflexos positivos. Ao revelar comprometimento com o cumprimento de prazos e respeito por colegas, chefes e subordinados, esta postura passa a todos uma imagem de profissionalismo. Demonstra seriedade, disciplina e organização, expressa humidade e reforça os elos de confiança. Ou seja, com a pontualidade, todos – empresa e funcionários – ganham.
A mesma lógica se aplica ao mundo dos negócios. Se vendedor e comprador forem pontuais em reuniões, prazos de entrega e pagamento, sua relação tende a fortalecer-se, ampliando os elos de cooperação e entendimento e trazendo ganhos para ambas as partes no médio e longo prazo.
Por isso, fica a dica: sempre que possível, esteja pronto 15 minutos antes. No balanço final, você vai perceber que esses 15 minutos se converterão em uma boa dose de respeito e reconhecimento.
Nos negócios, organize-se para cumprir os prazos acordados. Pontualidade significa respeito ao tempo de quem está do outro lado do balcão. E, quando não for possível, considerando estes tempos de tantos imprevistos: avise e negocie antecipadamente. Tempo é o ativo mais valioso de todos e respeitá-lo só trará ganhos.
Fonte: https://administradores.com.br/artigos/o-trabalho-em-casa-n%C3%A3o-reduz-a-import%C3%A2ncia-da-pontualidade-1