Rabiscar amanhã nunca foi tão difícil para líderes e empresas. O maior desafio é encontrar o lugar certo para a inovação.
O processo criativo numa grande empresa não é — ou não deveria ser — uma empreitada solitária. Steve Jobs, o célebre criador da Apple, uma das companhias mais valiosas e inovadoras do mundo, não apenas acreditava nisso como criou rotinas e ambientes de trabalho em torno dessa visão.
Um símbolo do mundo digital, Jobs acreditava no poder dos encontros cara a cara. Ele juntava diferentes times todas as semanas numa mesma sala para falar sem uma agenda formal. “Há uma tentação em nossa era conectada em rede de acreditar que as ideias podem ser desenvolvidas por e-mail ou iChat”, disse em uma de suas últimas entrevistas ao biógrafo Walter Isaacson, para a obra que leva o nome do empresário, publicada no mesmo ano de sua morte, em 2011. “É loucura. Criatividade vem de encontros espontâneos, discussões aleatórias. Você vê alguém, pergunta o que ela tem feito, diz ‘uau’, e logo começa a mirabolar todo o tipo de ideias.”
A atual sede da Apple, inaugurada há três anos a um custo de US$ 5 bilhões, representa a concretização desse ideal. Diversos detalhes foram pensados pelo próprio Jobs — a começar pela forma circular — para promover interações e conexões casuais entre os 12 mil funcionários que ali trabalham. Ou melhor, trabalhavam, até março de 2020.
Após mais de 14 meses sem o burburinho habitual, o prédio deve começar a receber os funcionários de volta, com o avanço da vacinação no país (veja reportagem à pág. 90). Por enquanto, a companhia ainda não deu detalhes sobre o esquema de trabalho híbrido que está por vir. Mas o presidente mundial, Tim Cook, declarou recentemente que não vê a hora de ver os escritórios cheios novamente. “Ainda é importante que estejamos fisicamente próximos, porque a colaboração nem sempre é uma atividade planejada”, disse numa entrevista recente.
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