Até onde vai a sua sinceridade?

Até onde vai a sua sinceridade?

Ser sincero ou falar a verdade é diferente de falar o que vem à cabeça. Você pode se tornar inconveniente desta forma. Ser transparente é bem diferente disso.

Algumas palavras viraram mantra dentro das organizações, em processos seletivos, livros, na boca de gurus, gestores, consultores, professores e demais profissionais inseridos no mercado de trabalho, bem como em quadros de Missão, Visão e Valores pregados na parede ou até mesmo em sites que trazem os princípios estratégicos institucionais.

Transparência ao lado de Propósito me parecem prevalecer não somente no Mundo Corporativo Privado, como também nas Instituições Públicas e principalmente no que tange as reivindicações da Sociedade Civil.

Mas o que é transparência? O que é ser transparente? Como uma empresa coloca tal premissa em prática no cotidiano corporativo? E afinal, você é transparente?

Podemos trazer variadas definições para o termo, porém como nossa intenção é a reflexão e principalmente o fomento da discussão sobre sua utilização em âmbito profissional, podemos citar que transparência nada mais é que a exposição de informações inerentes a operação de dada Instituição, a prestação de contas a Sociedade na qual tal ente público ou privado está inserido.

Por isso, visualizamos corriqueiramente palavras relacionadas a esse termo nas premissas estratégicas de pessoas jurídicas, sejam elas públicas ou privadas.

Você pode estar recordando de já ter visto isso na Organização em que trabalha e talvez se questionando que a teoria é essa, porém na prática não é isto que acontece. Seus superiores seguram, omitem e escondem informações com o argumento de que tais orientações não podem ser repassadas, pois são segredos empresarias, algo estratégico que está além de sua alçada, dentre tantas outras justificativas.

Muitas vezes realmente isso é verdade. Então não se irrite com seu gestor, pois ele está lhe poupando, blindando de situações que você ainda não precisa saber e que podem atrapalhar sua concentração na tarefa e desta forma não lhe agregará nada de positivo para ser mais assertivo e gerar um melhor resultado a organização.

Por outro lado, muitos gestores utilizam deste artifício muletário para lhe esconder algo, pois não tem coragem de encarar os fatos, expor a realidade, por medo e/ou desconfiança de que essa informação possa derrubá-los. Ou simplesmente por ego, arrogância ou ruindade (de não ser apto ao cargo que ocupa).

Esse tipo de postura prejudica o desempenho do líder e seus liderados, pois as pessoas se engajam/vestem a camisa com maior facilidade quando sabem o que, porquê e por quem estão executando determinada tarefa. Ou seja, qual o propósito daquilo que estão realizando, sua parte na engrenagem para a máquina funcionar, sua contribuição para a realização do todo, sua importância dentro do espaço onde estão inseridos.

Precisamos pensar e refletir sobre como repassamos as informações estratégicas para as pessoas, qual o nível de filtro que devemos ter, onde está o equilíbrio neste tipo de ação.

Bom, e quando se trata de relacionamento interpessoal, o quão devemos e somos transparentes? Se o líder deve agir com equilíbrio ao mensurar e filtrar as informações que serão repassadas aos liderados, como devemos lidar com nossos pares no dia a dia dentro da empresa?

Sempre me pautei pela máxima que eu mesmo criei (óbvio, nas palavras que direi a seguir, pois com certeza alguém já havia pensando nisso antes) de que não é o que é dito, e sim como é dito, para proceder com feedbacks, sejam eles de correção, desenvolvimento ou reconhecimento.

Podemos nos posicionar de maneira mais enfática frente a uma determinada pessoa de uma maneira sútil e pouco constrangedora utilizando tal preceito exposto acima, bem como expor a realidade dos fatos de maneira justa e por vezes dura de forma gentil e assertiva.

Muitos chamam de dom da fala, oratória, explanação, dentre tantas outras palavras. Prefiro estratégia, foco e assertividade, as quais irão gerar um resultado positivo, a partir do momento em que tivermos inteligência emocional para saber o momento e o direcionamento certo para com cada indivíduo, respeitando sempre a figura humana e as características de cada um.

Todavia, vemos situações inversas a teoria apresentada no parágrafo acima. As pessoas confundem afobação, grosseria, falta de polimento, educação e inconveniência com sinceridade, falando o que vem na cabeça, na frente de quem for, no momento e onde estiver. E logo depois vem a célebre frase: “Desculpe, mas eu sou sincera”.

Eu que peço desculpas a você, mas isso não é ser sincero e tão pouco transparente, é transgredir o respeito ao próximo, que não é obrigado a ouvir o que você pensa, ser constrangido ou aguentar uma grosseria porque algo lhe veio na cabeça e rapidamente saiu pela boca.

Imaginem que de maneira hipotética um homem falasse todos os dias para a sua mulher que ela só fica bonita de maquiagem, ou a mulher falar para o homem que sua barriga a qual armazena um belo estoque de cervejas e torresmos de anos em conjunto com a falta de cabelos o deixam com um aspecto de uma bola de bilhar… Pensem nisso sendo dito diariamente. Qual a carga negativa que teríamos para o relacionamento?

Ninguém está falando que a situação não é real ou que não deve ser dita, mas não seria melhor a mulher ouvir do homem que ele adora quando ela se produz toda e fica radiante de alegria por se sentir bela, e que ela o chamasse para práticas diárias de exercícios afim de melhorar a saúde de ambos?

Citamos aspectos de um relacionamento conjugal e pessoal. No mercado de trabalho, costumamos ter um perfil adaptável, ou seja, em tese não deveríamos falar o que desse na telha, pois estamos em um ambiente contido e restrito a determinadas situações, tendo em vista as diretrizes e normativos internos de cada Instituição.

Mas aí vem a velha máxima: “Dá dinheiro, mas não da intimidade!”, e começam os avanços de “sinceridade” e “transparência” no cotidiano corporativo. Além disso, existem pessoas que realmente são inconvenientes e não se tocam, proferindo adjetivos a torto e direito a quem quer que seja. Sinceridade e transparência não condizem com esses fatos de maneira alguma.

Vale ressaltar que quando de uma conversa mais delicada, seja para correção, desenvolvimento ou até mesmo esclarecimento entre líder e liderado, entre colegas de trabalho, a mesma deve ser de maneira ponderada e reservada, cabendo somente aos envolvidos a discussão sobre os fatos abordados.

Não é só município que tem limite. Vamos respeitar o próximo e as diferenças de cada ser humano.

Fonte: https://administradores.com.br/artigos/at%C3%A9-onde-vai-a-sua-sinceridade

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